23 de fevereiro de 2009

Diário de Bordo - Ler e pensar



Há leituras que deixam em nós a felicidade pura de um dia de sol...
Outras, deixam-nos agarrados aos pensamentos, como se cada palavra transportasse uma luz e uma sombra que nos deixa a pensar nas entrelinhas...

Neste quadro de Picasso, uma mulher lê, num ambiente de penumbra, onde um candeeiro reflecte a luz sobre as páginas do livro. A sombra em que está mergulhada a cabeça da mulher parece indiciar que a leitura é uma actividade cerebral, que absorve o pensamento.
Das páginas do livro saiem saberes cheios de luz, que entusiasmam a actividade de pensar, a actividade do planeta a mais humana e que nos distingue dos animais.

Este quadro de Picasso pôs-me ainda a pensar sobre a cor do pensamento. O pensamento terá cor? Dizem que o saber é da cor da luz. Muito sinceramente, tenho dúvidas. Se assim fosse, vinha um dia de sol e ficávamos a saber tudo.

Nunca vi a cor do pensamento, mas se o tivesse de representar, seria mesmo cinzento. Porquê? Porque pensar incomoda como andar à chuva, lá dizia um heterónimo de Fernando Pessoa, e quem anda à chuva molha-se, ao experimentar tudo o que um dia de sol não mostra e que se esconde na noite dos pensamentos...

2 comentários:

Anónimo disse...

Que imagem tão linda,e o texto não lhe fica atrás, só não me parece que o pensamento seja cinzento ou então é cor de tudo misturado que é o mesmo que alguém andar com os pés em cima do arco-íris. Custa-me imaginar alguém com os pés no arco-da-velha.
Não pensava voltar a comentar mas porque a surpresa da imagem/texto foi assaz brilhante cá estou eu mais uma vez. Acredito que quem anima o blogue também será assim: da cor do arco-íris.

Anónimo disse...

Nunca ninguém duvidou da cor de uma gota de água, deslizando incolor, pela nervura da folha de uma planta...
E, no entanto, placidamente, ela desliza, no tom da folha, escondendo brilhos que são reverberos do arco-íris.